




Brasileiros pelo espaço em desmedido amor
Planeta Terra, o terceiro do sistema solar, o que há para além dos céus? Muitas são as curiosidades e dúvidas sobre o espaço. Algumas perguntas já foram respondidas, mas ainda faltam tantas… Em um cenário de grandes avanços e constantes pesquisas espaciais, o mundo cada vez mais, busca por algo ainda incerto, mas cheio de possibilidades. Com o desenvolvimento da tecnologia, muitos avanços no campo das ciências aeroespaciais puderam ser feitos em todo o mundo. Como exemplo, a corrida espacial que ocorreu durante um período de grandes tensões globais, mas que marcam a história com a chegada do primeiro homem ao espaço, o cosmonauta russo Yuri Gagarin. A partir daí, os incentivos e avanços em todo o mundo se voltaram para a imensidão do desconhecido.
Com o Brasil, não foi diferente. A Agência Espacial Brasileira (AEB) opera sob o controle civil desde 1994 e durante sua história muitos acidentes aconteceram, mas também a vontade de crescer a cada dia e construir um caminho rumo ao espaço. Entretanto, esses acidentes ainda desaceleram essa viagem. Para o primeiro astronauta brasileiro a ir ao espaço, Marcos Pontes, que realiza desde 1998 projetos na NASA (National Aeronautics and Space Administration - USA), há um descompasso entre o ritmo das pesquisas mundiais e as em desenvolvimento no Brasil.
"Vejo muita dificuldade no Brasil com relação às pesquisas (em todas as áreas), e isso tem sido uma constante. Isso se deve principalmente à inconstância de recursos perante o tempo necessário para o desenvolvimento da pesquisa e a transformação desses estudos em inovações, produtos, empresas e empregos."
Ainda sobre o Brasil e a histórica dificuldade em se destacar mundialmente no campo, o astronauta chama atenção para problemas estruturais e de gestão que consequentemente geraram ranhuras nas relações internacionais.
"Temos diversos tipos de acordo com diversos países. No setor espacial, não fomos bem sucedidos com relação à participação na Estação Espacial Internacional com os EUA, nem com a binacional com a Ucrânia em Alcântara, nem com a ESO. As razões das falhas seguem por caminhos políticos tortuosos. Contudo, é importante ressaltar a necessária seriedade no cumprimento de acordo internacionais sob pena da perda de credibilidade internacional para futuros projetos."
A educação é o primeiro passo para uma grande caminhada rumo ao espaço, mas é preciso um programa com metas bem definidas e um planejamento técnico e administrativo (incluindo orçamento, contratação, formação e incentivo dos recursos humanos) que seja menos amarrado. "É executado independentemente das inevitáveis mudanças de comando político ou técnico", afirma o astronauta.
“Tenho esperança de mudança drástica”
UM universo de pesquisa
Para o brasileiro e pesquisador da NASA Ivan Lima, o Brasil segue de maneira não tão positiva na área de ciências e tecnologia, na atual conjuntura política e econômica do país.
"Pelo que eu consigo acompanhar morando fora do Brasil, o que me parece é que a proposta do atual governo é desastrosa para a ciência e tecnologia no Brasil. Tenho esperança que uma mudança drástica aconteça para não estagnar a nação."
Ainda para o pesquisador, o Brasil precisa melhorar de forma substancial o investimento no setor. "Infelizmente o programa espacial brasileiro recebe um investimento do governo que não condiz com as necessidades de um país com dimensões continentais". Em um contexto mundial, Ivan Lima chama atenção para duas conquistas já alcançadas em 2017 nas "ciências espaciais". A primeira, a que chamou mais atenção foi a missão bem sucedida do foguete retornável Falcon 9, retornando mais uma vez para a plataforma de lançamento. Além dessa, ele cita a sonda Cassini, da NASA, que iniciou uma série de manobras ao redor do planeta Saturno. "A sonda já começou a enviar imagens surpreendentes do planeta".
Apesar de desanimadoras perspectivas, o Brasil aos poucos instiga o interesse nessa área. No último concurso realizado pela NASA mais de 1,5 mil trabalhos foram submetidos por mais de seis mil alunos de diversas nações do mundo inteiro. O Brasil conquistou prêmios e menção honrosa pela primeira vez, demonstrando que existe muito talento e uma demanda por esse tipo de informação. O vencedor foi o menino, João Vitor, de apenas 6 anos de idade na categoria Mérito Literário concorrendo com alunos de até 18 anos. “Ele é talvez o mais jovem vencedor em qualquer categoria das 24 edições deste concurso”.
Para o professor e chefe do Departamento de Sistemas Aeroespaciais do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Luis Eduardo Loures, o cenário de desenvolvimento em engenharia astronáutica e aeroespacial é razoável, apesar da crise econômica internacional.
"No que tange à empregabilidade, há uma retração do mercado privado brasileiro devido à crise, mas existem ainda oportunidades no setor público e na continuidade da formação (mestrado, doutorado, pós-docs)."
No começo do mês de maio, o Brasil, em parceria com a França, lançou o primeiro Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) do país. Na visão de Loures, o lançamento do SGDC foi um marco para o País sob vários aspectos, o primeiro deles é a missão em si, pois vai permitir ao Brasil exercer sua soberania na área de comunicações, tanto no aspecto civil, quanto em comunicações estratégicas, que para ele são vitais para a defesa do espaço aéreo, terrestre e marítimo do Brasil.
Ainda aponta que o satélite representa a ocupação de uma posição orbital importante, que seria perdida caso ele não a ocupasse, prejudicando futuros objetivos do País no espaço. "o projeto é um marco para a engenharia brasileira sob diversos aspectos: ele permite a formação de uma geração de engenheiros que serão necessários para a operação do satélite, tanto civis, quanto da Marinha, Exército e Aeronáutica, pois a operação do satélite é conjunta", afirma.
Está claro, no entanto, que esse esforço todo só trará frutos se houver um investimento continuado do Governo Federal nas empresas envolvidas no repasse de alguns elementos tecnológicos ao país, através de contratos que permitam que o Brasil continue evoluindo na área.
"Sem isso, todo este esforço será perdido", diz Loures


É um programa do Governo Federal com o objetivo de prover, como parte do Plano Nacional de Banda Larga, cobertura de serviços de Internet a 100% do território nacional de forma a promover a inclusão digital para todos os cidadãos brasileiros, além de fornecer um meio seguro e soberano para as comunicações estratégicas do governo brasileiro.
A ÓRBITA GEOESTACIONÁRIA
Os satélites geoestacionários são satélites que se encontram sempre sobre um mesmo ponto fixo e giram na mesma velocidade da Terra, acompanhando o movimento do planeta.
Esta característica permite que o satélite seja usado sobretudo para estabelecer uma rede de comunicações ou de monitoramento e vigilância cobrindo toda a área de um país.
BENEFÍCIOS SOCIAIS E ECONÔMICOS
O Programa contribui para o estabelecimento da Visiona, como uma integradora de satélites brasileira, com expertise para ser o braço industrial do Brasil para projeto e desenvolvimento de novas soluções espaciais.
O satélite levará internet banda larga para todo o território brasileiro, promovendo a inserção digital e social de milhões de cidadãos. O satélite é o meio ideal para garantir a cobertura total de um país continental como o Brasil, complementando a cobertura por fibras ópticas que hoje não é capaz de prover serviço a todos os municípios brasileiros. O SGDC também garantirá a segurança das comunicações de defesa e estratégicas do País.
Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC)
Incentivos
Responsável pela Olimpíada de Astronomia e Astronáutica (OBA), que chegou à 20ª edição em 2017, o astrônomo e professor João Batista Canalle, garante que, na área educacional, o cenário de estudo das Ciências espaciais é de franco progresso.
“Acho que na área educacional estamos fazendo vários progressos e desenvolvendo trabalhos no sentido de tornar as atividades espaciais como algo mais presente, mais perto de alunos de ensino fundamental, médio e de graduação.”
O evento que atrai os sonhos de estudantes de todas as idades surgiu pela iniciativa de um professor, Daniel Fonseca Lavouras, formado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Na ocasião, ele dava aula de física e organizou por conta própria a Olimpíada de Astronomia e selecionou cinco alunos para ir à olimpíada internacional de astronomia, na Rússia. Vendo a necessidade de levar junto um astrônomo entrou em contato com a Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), que indicou o então presidente da comissão de ensino da SAB, professor João Batista, para acompanhá-los. “A Olimpíada começou com poucos alunos e sem muitos recursos, mas foi crescendo com o tempo”, afirma Canalle.
AGÊNCIA ESPACIAL BRASILEIRA (AEB)
O Assessor de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB), André Rypl diz que o Brasil tem todas as possibilidades de explorar as capacidade que o país tem para um melhor desenvolvimento na área de astronáutica e aeroespacial. Rypl apresenta projetos importantíssimos para o melho aproveitamento de recurso e desenvolvimento do país.
"Hoje nós estamos trabalhando em um projeto de lançador de microssatélites com a Alemanha, um dos projetos principais pois ele permite estruturar esta parte de lançadores que é importante que nós tenhamos para dar sentido, ou melhor, explorar melhor o potencial do Centro de Lançamento de Alcântara que fica no Maranhão, que tem uma posição geográfica privilegiada, tem todas as excelentes características que você pode pensar só que ele é subutilizado, são poucos lançamentos."
Umas das principais e melhores características do Brasil, de acordo com o coordenador é a facilidade de acordos e parcerias entre outros países e suas agências, uma vez que o país é pacífico e estabelece uma boa relação e troca de tecnologia.
"Muitos pensam que o Brasil não desenvolve tecnologia, mas ele têm projetos em andamento e essas parcerias acontecem justamente para a troca de conhecimento entre os países, é uma via de mão dupla."