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“As imagens sempre eram feitas de muito longe para caber todo a dimensão do desastre dentro de um monitor de TV, de uma foto de jornal”

SAMARCO

“Dois anos após desastre de Mariana ainda é possível observar danos ambientais”, diz perito

    Perto de completar dois anos do maior desastre ambiental da história do Brasil, o rompimento da barragem de Mariana (MG), os efeitos ainda podem ser observados em diferentes pontos do rastro de destruição que a onda de dejetos provocou.  As consequências são imensuráveis ainda para fauna e flora.

    O perito criminal federal Rodrigo Mayrink foi um dos responsáveis pela coleta de provas daquele crime. Segundo ele, o prejuízo foi muito mais do que o que foi passado pela fotos veiculadas na mídia. “A mídia mostrou muitas imagens impactantes sobre o desastre, só que as dimensões, a exemplo do povoado de bento rodrigues, é um povoado rural onde moravam 600 pessoas e a área devastada foi muito maior do que o próprio povoado”, disse. Para ele, a situação dos lares foi o mais impactante.

    “Quando você chega na casa da pessoa e vê brinquedos, vê utensílios domésticos, vê fotos de família, jogados kms e kms a fio, esse contraste entre a proximidade daquela realidade das pessoas que estavam ali e toda a dimensão da tragédia que precisa ser vista de longe para que caiba em uma imagem midiática, é um choque”, lembrou.

“As imagens sempre eram feitas de muito longe para caber todo a dimensão do desastre dentro de um monitor de TV, de uma foto de jornal”

    Assim que o caso foi considerado de competência federal, a perícia da polícia federal foi acionada para atuar. “Uma equipe de aproximadamente 30 peritos foi a campo para coletar provas desse desastre de forma a caracterizá-lo como crime, ou seja, de pegar todos aqueles danos ambientais que estavam ocorrendo no momento e checar se o que estava acontecendo se enquadrava ou não como crime de acordo com a lei de crimes ambientais brasileira”, alertou.

    O trabalho da perícia foi complexo. “Eram utilizados os mais variados métodos para coleta de vestígios criminais neste caso. Eram vestígios químicos de poluição da água, vestígios biológicos, relacionados à necropsia de animais mortos, vestígios digitais nos computadores da empresa que foram aprendidos, vestígios documentais, os processos de licenciamento que foi analisado para pesquisa de alguma eventual irregularidade”, falou. Além disso, foram feitas fotos de satélite do local, feita com aeronaves especializadas da polícia federal. Além disso, essa foi a primeira grande investigação que contou com o apoio da fotogametria.

Por Gabriel Lima

Fotos: Divulgação APCF

    Essa técnica consiste em fotografias de raio X muita detalhada de um terreno. Segundo ele, esse foi o maior caso já encarado pela perícia ambiental da polícia ambiental. “Demandou de nós um preparo muito grande, um esforço logístico muito grande e um grande esforço de trabalho em equipe, foram mais de 30 especialistas trabalhando juntos de aproximadamente 12 a 15 áreas de formação. Nós usamos seis aeronaves ao todo para esse trabalho e dois veículos aéreos não tripulados”, disse.

    As dificuldades são as inerentes ao trabalho tão grande desses. “Imagine você com uma equipe de peritos ter que fazer uma análise de cena de crime de 600 km de extensão em um espaço de tempo muito curto porque a onda de lama ia se espalhando pelo rio até o mar e a gente precisava acompanhar esses acontecimentos em tempo real”, pontuou.  O deslocamento foi outro grande problema enfrentado por eles. “Nós gastamos 11 horas no primeiro dia de campo para conseguir voltar para a nossa base, para o nosso escritório, com as primeira imagens, as primeiras fotografias da área de ruptura propriamente dita. O uso de aeronaves se mostrou imperativa a partir desse primeiro dia, tamanho as proporções do desastre”.

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