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“Eu engravidei aos 18 anos e, como uma tia é dona de um hospital maternidade, resolvi ter o bebê lá. Quando entrei em trabalho de parto, o médico fez uma ecografia e um exame de toque, foi muito doloroso.

Após terminar o toque, ele disse para auxiliar de enfermagem que poderia colocar o ‘soro’. Era ocitocina. Enfrentei cinco horas de trabalho de parto induzido pela substância. Pensei que ia morrer, aliás, eu pedia para morrer, só queria que aquela dor acabasse. Eu pedi para fazer cesariana porque não aguentava mais passar por aquilo. O médico disse que se eu continuasse pedindo socorro ele sairia de lá e me deixaria parir sozinha. Eu tinha muito medo dele.

Eu me sentia muito humilhada, e não conseguia reagir a todas aquelas agressões. Achava que nunca acreditariam em mim. Hoje, minha filha tem dezesseis anos. Nunca consegui superar essa história. O sofrimento de tudo que passei no momento mais frágil da minha vida me acompanha por toda minha existência”.

Além disso, Júlia* relata que recebeu manobra de Kristeller e, apesar de ter recebido anestesia, o médico não esperou fazer efeito e ela sentiu o corte da episiotomia sendo feito. Ela conta que teve sangramento intenso e no pós parto a dor era tanta que ela não conseguia amamentar a filha.

Júlia ainda compartilha que seu primeiro mês após o parto foi acompanhado de dores intensas, o que a fazia ficar deitada o dia inteiro. Além disso, ela teve febre alta,  sangramento intenso por 60 dias e ferimento na vagina (da episiotomia). Ela descreve seu parto como momentos de terror e conta que foi humilhada pelo médico no acompanhamento pós parto. O médico disse que a dor na vulva era herpes e que ela “tinha pegado isso sentando em colo de homem”.

"Pensei que ia morrer. eu pedia para morrer, só queria que aquela dor acabasse"

AGRESSÕES

Uso indevido de ocitocina: quando não há a evolução no trabalho de parto ou aumento das dilatações e/ou contrações, a ocitocina, que é um hormônio sintético, induz a contração e acelera o processo de parto, por isso ainda é amplamente usada nos procedimentos. Apesar disso, não é recomendada para trabalhos de partos já iniciados. 

Episiotomia: procedimento cirúrgico para ampliar o canal de parto.  Consiste em um corte entre a vagina e o ânus. “Não se pode dizer que não existe indicação, porque alguns profissionais adotam em casos de muita emergência [caso a mulher possa ter laceração de quarto grau - romper o reto]”, explica a enfermeira. Mas são raros os casos em que ela seria necessária.

 

Manobra de Kristeller: procedimento não científico que consiste em um profissional forçar a saída do bebê fazendo força com o antebraço na barriga da mulher. O procedimento também não é indicado por oferecer muitos riscos à mãe e ao bebê, como ruptura do baço e fratura de costela da mulher, por exemplo.

O relato de Júlia* não é um caso isolado. Muitas mulheres passam pela mesma situação, mas, por falta de esclarecimento e conversa sobre o assunto não sabem dizer com certeza se foram violentadas. De acordo com a enfermeira obstetra Olívia Silva as formas mais comuns de agressão no parto são:

Esta é uma reportagem da Agência de Notícias UniCEUB publicada em 12 de maio de 2017

Por Beatriz Castilho e Isabella Cavalcante;

Colaboraram Giovanna Pereira e Leonice Pereira

Sob supervisão de Luiz Claudio Ferreira e Katrine Boaventura


 

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